segunda-feira, 8 de setembro de 2008

COMEMORANDO DULCYNA

A MORTA BEM VIVA bem morta
Acorrentados Libres

ABAIXO A AUTORIDADE DOS OCIOSOS! ABAIXO!
Nós queremos o verbo criador da ação! E a ação! Assim, convocamos todos os vivos, estudantes, professores-artistas, diretores, ocupações de moradia do Rio de Janeiro, como a Manuel Congo, teatros através seus grupos, atores e técnicos, gente das letras, os loucos, as crianças, os out-siders e os cachorros.
Estamos chamando os vivos, vivos-vivos e vivos-mortos!

Todos os corajosos, incendiários e liberadores do grande conflito: Convocados para participar do "Rito de ação direta de entrada e tomada" do Teatro Regina (!), iniciado nos CHUTES.

Houveram cartas-emails enviados à FUNARTE para sabermos e trocarmos informações sobre o Teatro Dulcina; como, literalmente, refazer o teatro, a caixa preta, a renovação do espaço abandonado pela poesia e o poder público. A carta que trazia a proposta de comemorar Dulcina foi deixada de lado. Para nós, fica claro que o descaso para conosco é apenas um reflexo do abandono do Teatro Regina dentro do centenário de Dulcina de Moraes. O Teatro Regina/Dulcina foi deixado de lado pelo retardamento da autoridade dos ricos e ociosos, pela burocracia e até pelo próprio medo de ver o medo, o feto na vida aquosa da geração.

Depois de empregar, em vão, esforços para uma parceria com a Universidade de teatro criada por Dulcina, em Brasília, e sem nenhum apoio financeiro para a comemoração, fomos obrigados a desistir do encontro projetado para ser o primeiro passo para além de uma simples comemoração - que era iniciar o primeiro fórum para renovações das Universidades. Em Brasília, nós do Movimento Dulcynelândia, do Rio de Janeiro - que estamos organizando uma coluna para essa Universidade Antropofágica no prédio onde foi pensada a primeira universidade de teatro do Brasil - encontraríamos o Movimento Bixigão, de São Paulo, que levaria a idéia da Universidade Antropófaga, já projetada no Bairro do Bixiga. Pretendíamos um debate vivo com a Universidade de Dulcina, com a UNB, com os índios que estão sendo desocupados de uma região de Brasília e que querem fundar uma universidade indígena...

A nossa homenagem à Dulcina, através d'A Morta, não tem nenhum incentivo por parte do poder privado ou público, pessoa física ou jurídica. O mesmo se dá para o estudo dos textos que a atriz montou e que não encontramos em parte alguma. E, quando esporadicamente encontrados impossíveis de ter acesso. Raros os acessados e adquiridos.
Nós, coroados pel'A Morta, a constante idealista que faz avançar a humanidade, evocamos os ídolos vivos de 1968 na comemoração de 40 anos deste período tão funesto. Pedimos e gritamos: CADÊ O APOIO, A PRESENÇA DE VOCÊS?! CADÊ O INCENTIVO DE UMA GERAÇÃO QUE SÓ NOS INTERESSA COMEMORAR SE HOJE ESSA GERAÇÃO (TEORICAMENTE VIVA) FIZER ALGUMA COISA PARA IMPULSIONAR AS NOVAS CATADUPAS HUMANAS?!

Fique claro!
O que nos traz à cena, à ação de ocupação, é a fome. Mais que qualquer vocação. Muito mais que a vontade de representar. É o problema da COMIDA! Desde essas terras litorâneas em que pisamos até as plantações de soja nas terras de Guimarães e Manuelzão, com as máquinas metálicas destruindo os olhos d'água na nascente do São Francisco, até a Amazônia sempre exposta, com suas pernas involuntariamente abertas, e o sertão de Euclides - esquecidos pela falta de telúrico no social. Falta preocupação com a cultura na administração do Luiz Inácio. Por trás das esteiras estão homens enchendo a barriga, mas a cabeça, o avanço cultural, os encontros, os teatros do corpo, estão vazios no estômago. Toda a produção da TERRA é desviada dos vivos para os mortos. Nós trabalhamos para (bem) alimentar cadáveres. Mais eles absorvem a produção, mais aniquilam os vivos. Tudo o que produzimos nos subterrâneos vai para a mesma boca/bolso/umbigo insaciados. Eles possuem armas e dirigem exércitos iludidos pela ignorância e pela fé religiosa, pela produção sempre crescente no país. A contradição é, no ano em que há mais empregos para os operários, haver menos incentivo pra cultura. As leis de incentivo. As leis paralisadas. As verbas congeladas. Dinheiro só aprovado se preenche o bolso dos que batem o martelo, como na Lei Rouanet, por exemplo. E logo nessa administração do ministério da cultura: Gilberto Gil.

Nossa convocação de ocupação é para sairmos de nossos laboratóRIOs subterrâneos! Limpar o mundo de toda a putrefação! Essa nossa preguiça não tem nada da preguiça macunaímica, pois esperamos não enfrentar a polícia. Mas não queremos protestar somente dentro do nosso dramático interior, onde a polícia nos deixa... necessitamos esbravejar toda a potência dos nossos sonhos ainda guardados... abrir o abscesso fechado.

Comer.

Estamos comendo Dulcina - a morta mais viva - pela força de sua criação, a Universidade. Pela força da criação da sua Universidade. Pois o que são os vivos? Onde estão os vivos?

Queremos o incentivo para os projetos de uma nova Universidade. Queremos uma reforma emergencial para fazer o teatro funcionar. Queremos, no Rio, uma lei de fomento que funcione, a exemplo da Lei de Fomento de São Paulo. Queremos que os grupos tenham coragem. O teatro é corpo, e muito mais que a vontade de representar.

É preciso mudar o mundo! O mundo é o dentro de nós! Comecemos. O mundo é o teatro na Alcindo Guanabara, número 17. Ágora, agora inaugurada no acorrentamento de amor e paixão. Montando e recompondo o corpo da Morta, o espaço abandonado.

Olhos olhem.

MOVIMENTO DULCYNELÂNDIA

Chega junto

dulcynelandia@gmail.com

Imagens de dentro do Teatro Regina-Dulcina


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