quarta-feira, 15 de outubro de 2008

SACIS


SACIS – O Cupido Brasileiro


Recebemos mais que um convite de agregação para manifestação.

Recebemos também mais que uma responsabilidade.

De verdade em verdade, chegamos (!), nós, os sacys, os cupidos brasileiros, que nos apaixonamos e demos a cara pra nego bater, mas com pés de remolino, nossa ocupação, flexa-serpentina que lançamos pegou algum coração.

E quando fomos contatados e sacyzados, entendemos que temos que cuidar. Cuidar do que é nosso porque senão ethernamente vamos chorar nos quartos, casas ou na cervejinha.

Senti meu corpo pequeno a paixão enorme de uma sensibilidade para a vida que se chama Teat(r)o.

Constatação.

Todas as paixões são aprisionadas. Todas. As paixões, os amores de um coletivo ou indivíduo para um avanço. Uma melhora. Amor a dois. De grupos.


Não estamos quebrando nada.

Ao contrário.

Além do direito da manifestação artística, tínhamos o direito de entrar. Eu tinha. Na matéria do CQC o jornalista diz que o segurança informou que era porque eu não estava usando gravata e terno!

Não é verdade.

Eu fazia parte daqueles sacis que estavam lá embaixo da escadaria do outro lado da grade.

Fazia parte da paixão, do fogo.

E por fazer parte da paixão

O palhaço

É carregado para a calçada

É símbolo de tudo o que é engolido.

Despolitizado, Anti-amor

Ao país, a arte, a educação

E tudo isso necessitando renovação gerando paixão

É colocado para fora

Fora , sempre.

Burrice e Ignorância cultural.


AMOR!


Nós estávamos lá. Antes desse fato, antes de ser arrastado.

Esses sacys receberam os artistas renomadosz, que seriam homenageados ou que acompanhariam as homenagens. Foram recebidos como celebridades por nós. Porém eles ouviam nossas informações de paixões, que pediam que eles roubassem o fogo para eles, e que as estrelas que são iluminassem o abandono e o descaso.

Letícia Spiller foi interpelada e conscientizada do estado da FUNARTE, do Dulcina fechado, da nossa proposta; ouviu dos cremadores que a estrela que ela é de TV, tem que virar a baca-puta do santeiro do mangue das massas, ser a fúria que revira. Assim ela foi aplaudida e intimada, com todo amor e serpentina.

Assim foram recebidos Fernanda Montenegro, Sérgio Mambertti, Gil, Mautner...

O Mautner ainda ficou sabendo que queremos quase uma anti-universidade... O Gil chegou, ouviu que tínhamos uma proposta pro Dulcina fechado e respondeu : - Eu sei.

E ao chegarem iam sabendo do que acontecia. Fora que também intimávamos para que eles também acompanhassem o que está acontecendo na FUNARTE para que ela se renove tanto na participação dos artistas, quanto na diretoria e sua forma de administração junto aos servidores da FUNARTE, a relação com o MINC, a lei Rouanet.

Fizemos sim barulho.

Barulho de quem tem fome; Mas não está reclamando.

Barulho de quem quer atenção; Porque está fazendo algo.

Barulho de quem tem uma proposta nova, uma; Porque ninguém disse nada até agora.

Barulho de quem está vivo e apaixonado

Por esse sonho que fazemos real-sonho.


Qual o medo.


E quando fui entrar no Teatro Municipal como todos os que estavam na fila, toda a falta de interesse, toda a ignorância me arrastou para fora, para a calçada através da atuação dos policiais com seu sub-texto dado – a ignorância com o que ocorre na cultura hoje para estarmos reivindicando ao invés de estarmos ensaiando, quanto para o interesse pessoal de um pau mandado que tem a coragem de dar cotoveladas às escondidas e chamar de merda minha pessoa - mal sabe que ele me chama de início do espetáculo, me chama de teatro, de MERDA! -, as caras falsas e cínicas e que só deflagravam os péssimos atores que são -


Qual era o medo de me deixar entrar no Municipal?

Eu tinha convite.

Estranho, não?!

Uma grande mentira.

Era o Te-ATO nosso e o Teatro deles. Uma mentira tão belamente escrita pela poesia de Ayná, que, talvez sem querer, revelou um crescimento pessoal, artístico e intelectual dela e porque não, nosso. Não deixando vazia nossa ação, como deixou todos os meios de comunicação que deveriam falar mais do estado da FUNARTE, como para o que aconteceu no Municipal, até para o nosso movimento e outras ações vivas do Rio de Janeiro.

Meu sangue ferveu, o nervo exposto – como já me chamaram no Sertões -, e o silêncio do Horácio-Fabiano xamã-ogã que me cuidou e segurou a escrotidão ampliando a nossa ação e revelando o que acontecia lá em cima. Tudo no silencio dele. E que era a verdade do que acontecia lá dentro. Uma comemoração de mortos, mortos-vivos. Pois lá ninguem tinha um projeto, algo de renovação como homenagem. Não. Apenas lembranças. Todos sabendo muito bem falar do passado e da importância, deixando de lado a própria força da pessoa para elevar o feito e não a vis a tergo.

O que se comemora?

E para que?


Tenho uma proposta – inocente talvez? - para a moral das homenagens.

Que para cada coisa homenageada seja feita algo de revitalização, de criação de uma outra coisa, investimento para nascer ou avançar a própria criação do homenageado, continuando a evolução que fez aquele como ícone. Que cada lembrança venha com uma ação de criação viva.

Porque o que vale do cultivo (?) de tal coisa se ela não vem carregada de um sentimento próprio. Parecendo ser sempre a coisa como ela é, e não como ela continua.


Confesso

Ter vergonha - e sou sem-vergonha -

Dos seguranças do Teatro Municipal, do tenente, do Major e alguns policiais que escondiam seus nomes - não sei se todos sabem o que isso significa-.

Que confessam estarem do seu lado olhando no seu olho, mas te carregando e te humilhando.

Tenho vergonha de que eles não saibam como e de quem cuidar – pra que polícia!? -.

Também do produtor do Municipal quem fez a politicagem para que a polícia me carregasse.

O teatro Municipal é do povo.

E eu tinha um convite.

Sou artista, e mereço, merecemos respeito, como artistas e cidadãos. Pois não é isso que vocês querem? Essa consciência dos direitos? Pois nós temos. E vocês parecem se esquecer delas. É elas são uma teia mesmo. Para nós ela é apenas mais uma máscara para nosso jogo de teatro. É tudo teatro. Ainda é um mal teatro.


É também de extrema importância a mobilização e conscientização por parte dos artistas dos problemas da cultura, das leis, das dinâmicas de verbas, porque senão sempre teremos policiais e produtores, ignorantes e burros em relação à sua função, porém vampiros do que é nosso Não por esse direito romano, ou civil o que for, mas do desejo, d paixão, do encontro.

Tenho vergonha - e sou sem-vergonha

Por não seguirem um coração múltiplo, o seu, quente de liberdade, e sim seguirem o coração gelado de um morto no poder.

Pois se as pessoas não dão valor ao trabalho que estamos fazendo na porta do Teatro Dulcina, e na montagem de A MORTA, para poder, além de desenvolver e refinar nossa linguagem como grupo afim de descobrir uma força cultural do encontro desses jovens, que represente o Brasil e possa criar e trabalhar na poesia de exportação ( em sentido amplo) – pois amamos esse país massacrador, desigual, lindo, envolvente, quente e frio, plano e de chapadões, píncaros, desertos, terras férteis, brasiltupy- branco, negro, e nada disso - temos como ícones os artistas que lutaram pela melhora e pela democracia, assim resolvemos fazer, continuar ao invés de ter que contar que o ex-ministro Gil que vá parar para conversar com os que roubaram o fogo da árvore da vida.- se ninguém chama isso de arte, é porque ainda não tiveram coragem de se entregarem para a alegria do encontro, a alegria de descobrir e aprender; essa outra coisa que estamos inventando, ou descobrindo, brincando. Brincando para viver, e comer.


Seriedade não é sisudez.

Tristeza, saudade do que foi e não terá no depois, do que ainda não veio.

E daí? Que tenho com essa fé?

Sofrer sim, mas sofrer bem, já me disse isso uma vez, uma certa cabra.


Saci

Amando

Chorando

Com saudade

Chamando

Sendo chamado nunca pondo ponto final


...

FREDY

Nenhum comentário:

Chega junto

dulcynelandia@gmail.com

Imagens de dentro do Teatro Regina-Dulcina


CONHEÇA O CANAL DULCY veja mais vídeos
http://canaldulcynelandia.blogspot.com/