quarta-feira, 8 de outubro de 2008

SOBRE O QUE VI E VIVI COM IRMÃOS


Ontem dia 7 de outubro de 2008, presenciei junto de vários irmãos o que tinha parecido pra mim derrota de um manifesto na porta do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, na Cinelândia.

Nós do movimento Dulcynelândia nos reunimos para manifestar, junto com servidores da FUNARTE, junto com outros artistas corajosos, a ressurreição da FUNARTE, que no dia anterior já tinha se despedido de seu período negro Fraquéssimo, e também pela reabertura do Teatro Dulcina de Moraes. A nossa ágora, onde já esta mais do que claro os motivos da reabertura de um espaço cultural.

Antes que eu pudesse chegar em casa e refletir sobre tudo o que foi todo o estardalhaço, não me contive abri a boca e falei MERDA.

O que aconteceu lá ainda não sei exatamente. Mas não pareceu com nenhum movimento estudantil, nenhuma manifestação punk, nada do que até então eu tinha presenciado. Estava afastada de movimentos, carnaval ou outra ação aliada, por dois motivos: encontros indesejáveis com a policia, que por mais que para alguns pareçam só elementos do Estado, para mim são todos pessoas. E vestem fardas por que querem, assim como eu agarro a camisa da minha poesia do meu teatro por que quero.

De uns dez anos pra cá vivemos mesmo numa merda neo-liberal. Que faz que pessoas sem opção de trampo há vinte anos atrás, hoje em dia possam optar por uma profissão menos cafajeste.

O segundo motivo são as pessoas que de repente param de acreditar na proposta vão embora e fica você, sua paixão e fé.

Ontem eu me senti derrotada de besta que sou né. Ontem, de tudo que já vi nessas manifestações, tudo que ouvi, eu ainda não tinha visto um baixinho fazer tanto barulho, causar uma inquietação até nos que se manifestavam por outras causas lhe escutarem e pedirem com fervor a entrada do Artista no Theatro Municipal.
O artista tinha convite e foi sabotado por seguranças e policias milicianos. Milicianos por que vivem sempre a favor de um sistema paralelo, um sistema que rolava dentro do teatro. E não a favor do óbvio, o cidadão com um convite para entrar impedido violentamente pelos seguranças.

Numa hora de angústia minha cheguei a gritar que tirassem o artista de lá de dentro, quando um dos irmãos de movimento gritou que nosso herói, com convite, estava sendo empurrado lá na porta do teatro. Tudo, o que eu já vi e vivi em outros movimentos, veio na minha cabeça na hora e eu fiquei com um medo por ele muito grande. E gritei como se a causa da luta acabasse ali, se encostassem em um fio do cabelo do artista.
Por que há um tempo pra mim não valia mais à pena ninguém sair machucado nem fisicamente nem ideologicamente. Senti um puta medo que já tinha jurado nunca mais querer sentir.

Senti vergonha também, vergonha de todas aquelas pessoas que se dizem artistas entrando no Theatro Municipal, vendo o espetáculo kô kô que todos os seguranças e policias deram.

Kô Kô mesmo, depois de pensar muito sobre tudo que vi ali, enxerguei que só existia uma verdade, e éramos todos nós que estávamos do lado de fora do teatro. Tudo ali dentro era puta espetáculo de finados e de mal gosto.

É a policia poliglota mesmo que vai te lubridiar dizer que tá contigo, fardada.
É o artista mesmo que vai sorrir pra você dizer na frente das câmeras que tá contigo.
É o companheiro de algum movimento sem terra que foi convidado e vai fazer um sinal de positivo pra você, e bença.
É a deputada que diz que estamos junto e quinta-feira às... depois eu peço para alguém entrar em contato com o movimento de vocês.

Chupem todos vocês pela péssima atuação! Aqui do lado de fora na calçada ninguém perdeu nada, pois tenho consciência agora de que foi tudo teatro, e como disse um dos irmãos somos de teatro não de câmeras!

Eu desisti ontem de acreditar numa mentira depois de olhar bem dentro de todos aqueles olhos.

Nós somos almas e temos muita verdade!
Entidades que mesmo que tentem sugar não vão tirar, é só uma inveja de um dia que vai brilhar sem eles por perto.

Caretas de London com casacos de bichinhos mortos estamos aí mais uma vez!


Para as moças bonitas da poesia, Nana, Raíssa, Mia. Para todos os servidores corajosos da Funarte, para todos os irmãos palhaços.

Beijos de uma boca livre.
Ayná Cadetti

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